algo parido para despir
gerar sensações
parir sensações
despir sensações
desnudar e vestir
ferir e cicatrizar
desencontrar encontros
tornar o vil e o fugaz
o avesso
Tô na fossa! Deitado na velha rede Ouvindo Paulo Diniz “Como vou deixar você Se eu te amo?”
Bebendo vinho seco Beliscando aquele jantar De ontem Pensando naquela Que um dia me disse “Je t'aime mon amour”
Como que desejando aquele poema Cujo papel joguei fora Antes mesmo de imaginar O primeiro verso
Ora! De que vale um verso não achado Num papel rasgado? Ou o resto de uma janta Se não há fome? Ou ainda o vinho seco Se não há ela nem a embriaguez da vertigem? Resta, então a velha vitrola e ela Mas ela não veio “José, e agora?”
Estive presente no encerramento do Feira Noise Festival 2012, no dia 03 de outubro. A proposta do evento é divulgar a cultura alternativa da cidade de Feira de Santana e região, com um enfoque especial para a música, embora outras formas de expressão artística também tenham sido contempladas, como a dança e as artes plásticas.
Sempre acreditei que exista na Bahia muito mais coisas interessantes a se contemplar do que o que a mídia insiste em nos "empurrar goela abaixo". O que falta é divulgação, e se esta não é feita pelos veículos midiáticos convencionais, resta então a via alternativa. Daí a importância de eventos que constituam portas para que gente talentosa, porém "solenemente" desconhecida se mostrem, bem como sua arte.
Bem, no dia em que estive presente, predominou o rock 'n roll. Dos grupos que lá se apresentaram, na arena do Centro de Cultura Amélio Amorim, apesar da chuva forte que caiu e ameaçou "desandar" tudo, destaco três que me chamaram especialmente a atenção, dois daqui de Feira de Santana e um da bela cidade de Paulo Afonso. Juntamente com a minhas impressões pessoais do som dos caras, posto vídeos contendo canções deles, não de gravações do referido festival, uma vez que nenhuma postagem referente ainda foi efetuada.
1. Igor Gnomo Group
Este grupo, originário da cidade de Paulo Afonso, apresenta um som amalgamado no fusion ou jazz-rock, com influências do blues e da música brasileira de raíz. Totalmente instrumental, a guitarra "falante" de Igor Gnomo, juntamente com uma banda afinadíssima, nos brindou com canções autorais sensacionais, além de versões inusitadíssimas de Jackson do Pandeiro (Canto da Ema) e de Milton Nascimento (Vera Cruz). Valeu muito a pena conhecer o som desses caras!
Igor Gnomo - Giselle (album "Nordestino")
2. Tangerina Jones
O som desse jovem e talentoso grupo daqui de Feira de Santana, nitidamente bebe da fonte do rock de bandas setentistas como Small Faces e Rolling Stones. Eles apresentaram um trabalho totalmente autoral, com canções muito bem executadas instrumentalmente e com uma performance competente do vocalista Hebert Almeida. Dentre os destaques, está a canção Crapton (vide postagem abaixo), uma das últimas a serem executadas no show.
Tangerina Jones - Crapton
3. Clube de Patifes
Grupo pioneiro na cena blues de Feira de Santana, nesse show, esses caras apresentaram um repertório totalmente repaginado numa roupagem acústica, com três violões e a percussão de Gabriel Ferreira, e surpreenderam. Além de canções autorais, como Mulher de Repente e Vela, constaram versões bem inusitadas de Assum Preto (Luíz Gonzaga/ Humberto Teixeira) e Eu Só Quero Um Xodó (Dominguinhos/ Anastácia), com uma roupagem blues, obviamente. Grande show!
Sou sertanejo, de "cabo a rabo". Vez ou outra bate aquele boa e velha nostalgia. Me dá vontade de tomar aquele "rabo de galo" (cachaça, para os mais "íntimos), vontade de chorar ao rever fotos de um mundo distante, mas ainda tão próximo de mim (o sertão) e de ouvir o Mestre Lua, o eterno rei Luíz Gonzaga.
O filme Gonzaga - De Pai para Filho é lindo em tudo. O roteiro, que conta a história de dois gênios, o pai e o filho, o Gonzaga e o Gonzaga Jr., a partir de um encontro conflituoso, à princípio. A partir desse encontro, começam a se desenrolar a história do pai e, no decorrer da trama, a do filho. O pai, um retirante nordestino que foi aventurar a sorte no Rio de janeiro depois de pedir exoneração do exército, em Fortaleza. Homem sertanejo de criação rude, que acreditava que era o trabalho que fazia o cabra ser homem. O filho, um carioca do subúrbio, filho do "Rei do Baião" com uma dançarina de Cabaret, uma "mulher da vida". Ambos crescem sem estabelecerem uma relação típica de pai para filho. O pai, pondo o trabalho acima de tudo e relegando o filho a um casal de amigos que o criaram como um filho, defato. O filho, crescendo com a angústia de ter um pai ausente, embora provedor.
Ambos crescem nesse cenário de conflito. Nem mesmo o sucesso de ambos, inclusive o de Gonzaguinha, que resolve se aventurar na música após sair de casa depois de mais uma das inúmeras brigas com o pai, e se torna um dos maiores compositores populares do Brasil em sua época (e até nos dias atuais), consegue reaproximá-los. Até que um dia, encorajado por Rosinha, esposa de seu pai, na época, o filho resolve reencontrar o pai, que havia voltado ao seu sertão, e passava por uma situação de restrição econômica. Entre conflitos, desabafos e conversas, ambos selam o elo pai-filho com um abraço apertado precedido de troca de confidências e perdões. Chorei, e creio que muitos "machões" presentes naquela sessão, se não choraram, tiveram vontade.
Sertanejo é sertanejo sempre mesmo, não tem jeito! Saí do sertão há algum tempo, porém este jamais saiu ou sairá de mim. Onde eu vou, carrego ele comigo, e o bom e velho Mestre Lua, minha trilha sonora. Sempre!
Bela homenagem do maior cronista "cabra safado" do país, Xico Sá, a maior diva do cinema pornô mundial de todos os tempos: a holandesa Sylvia Kristel. Ela, responsável pela "educação" sexual de milhares de "niños", como este aqui vos escreve, nos deixou aos 60 anos de idade, nesse mês de outubro. A eterna "Emanuelle" vive e viverá eternamente no coração nostálgico daqueles que vararam muitas noites e madrugadas do saudoso "Cine Privê", na Band, aproveitando a fuga e o sono dos pais para exercitarem sua famosa "justiça" (com as próprias mãos, é claro! kkkk). Salve, diva!! Deus a bendiga!
Quando o amigo Eduardo Beu me deu a notícia, não tive dúvida, peguei um barquinho no rio Paraguaçu, em Cachoeira, na Bahia, onde me encontrava na Flica, bela festa literária, e sai perdido, como aqueles caras que perderam Deus e passaram a acreditar em Jim Jarmusch. Havia feito, uma semana antes, um tributo a ela, no Wonka, em Curitiba, recriando a letra de “God bye Emmanuelle”, de Serge Gainsbourg, no projeto “Trovadores do Miocárdio”. A morte da atriz holandesa Sylva Kristel, a Emmanuelle, aos 60 anos, me deixou à deriva. Por isso demorei tanto para escrever sobre. Essa mulher foi tudo. Essa mulher levou a linha do destino da minha mão direita de tantos gozos do vício solitário. Essa mulher me matou de gozo, essa mulher não morre nunca no meu pobre juízo. Se um homem que é homem tem mais de 40 anos… esse homem se derreteu, alguma vez na vida por essa respeitável holandesa. Que me desculpe, amigo, estou emocionado, embora tenha buscado na fuga do Recôncavo baiano o esquecimento dessa morte. Mesmo lesado, perdido, não teve jeito. Só pensei em ti, Emmanuelle, principalmente você amando um homem em pleno voo lindo e noturno. Eu te amo, Emmanuelle, que a vida lhe seja leve.
Nessa nova postagem referente à série "um pequeno aperitivo de...", minha homenagem vai para o artista plástico brasileiro mais conhecido e premiado do mundo na atualidade, o grande e ilustre pernambucano Romero Britto.
Representante do movimento intitulado pop art, o artista "usa e abusa" de cores vivas e formas geométricas, formando mosaicos em torno de temas cotidianos do dia a dia, como casais de namorados, animais e jardins. Uma espécie de "cubismo moderno".
A todas e a todos, um bom deleite!
Romero Britto (1963) é um famoso pintor e artista plástico brasileiro. Radicado em Miami, nos EUA, ficou conhecido pelo seu estilo alegre e colorido, por apresentar uma arte pop, despojada da estética clássica e tradicional. É considerado um dos artistas mais prestigiados pelas celebridades americanas e o pintor brasileiro mais bem sucedido fora do Brasil.
O artista já começou seu interesse pelas artes na infância, quando usava sucatas e papelões de jornal para exercitar a sua criatividade. Eram tempos de pobreza e muitas limitações na cidade de Recife. Romero Britto também começou nessa época a usar a grafitagem, o que foi de grande influência em seu trabalho.
Iniciou o curso de Direito na Universidade Católica de Pernambuco, mas depois viajou aos Estados Unidos e lá estabeleceu-se como artista de sucesso até hoje.
É muito influenciado pela estética cubista, e tem Picasso como um grande mestre. Seu estilo vibrante e alegre, com cores fortes e impactantes fez com que sua obra tivesse forte ligação com a publicidade. O artista já mostrou o seu talento pintando para uma campanha publicitária da marca de vodca sueca Absolut, para as latas de refrigerante da Pepsi Cola, e redesenhou personagens de Walt Disney.
Muitas celebridades admiram a obra de Romero Britto, como Arnold Schwarzenegger, Madonna, os ex-presidentes Bill Clinton, Fernando Henrique Cardoso, Carlos Menem, respectivamente dos EUA, Brasil e Argentina. Suas coleções estão presentes em diversas galerias do mundo inteiro.
Dentre outras realizações, merece destaque a criação dos selos postais que levam o nome de Esportes para a paz, sobre as olimpíadas de Beijing. Outra criação importante é uma pirâmide que esteve instalada no Hide Park, em Londres, com uma altura similar a de um prédio de quatro andares. A obra deverá ser encaminhada para o museu da criança, na cidade do Cairo, no Egito.
Suas pinturas estão presentes em importantes aeroportos do mundo inteiro, como os de Washington DC, Nova York e Miami. Vale citar outros locais onde se pode ver e apreciar as suas obras: Montreux Jazz Raffles le Montreux Palace Hotel e Azul Basel Children’s Hospital, ambos na Suíça, e o Sheba Sheba Medical Center, Tel Aviv, em Israel.
Hoje, o pintor vive em Miami, cidade na qual possui grande identificação e é casado.