arte: joan miró
numa caixa de sapatos
vazia
e numa taça de vinho
tinto
seco
cabem todas as rugas
que cabem numa alma
que não cabe
em mim
nas capas dos discos
velhos e lacrados
e no velho vinil
nauseado
tocando uma velha canção
de amor
ou tédio
silenciam-se meus gritos
que não cabem
em mim
no quarto de dormir
e amar
insípido
e no velho livro
de poesia
amor
ou auto-ajuda
moram vários em um
ou um
em vários
nenhum deles (in)existem
co-existem
mas não cabem
em mim
henrique magalhães
(todos os direitos reservados)
Um comentário:
Poema gostoso de ler, objetos que falam por si, que traduzem um estado d'alma - nostalgia... de coisas que não cabem mas se recusam a sair do "Eu". Belíssimo!
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